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Avaliação da ingestão protéica e do consumo de suplementos em praticantes de musculação

A popularidade dos suplementos alimentares vem crescendo espontaneamente, tanto no meio competitivo como nas academias de ginástica (AOKI; BACURAU, 2001) (2). No Brasil tem sido observado um uso abusivo de suplementos alimentares e nos Estados Unidos as vendas neste mercado ultrapassaram a cifra de 6,5 bilhões de dólares em 1996, segundo Kurtzweil (1998) (11). As proteínas figuram entre os suplementos alimentares mais populares comercializados por atletas e indivíduos fisicamente ativos. São usados com o objetivo de intensificar a retenção de nitrogênio e aumentar a massa muscular, além da busca em evitar o catabolismo protéico durante o exercício prolongado (WILLIAMS, 2004) (17).

Recomenda-se para indivíduos sedentários a ingestão de 0,8g de proteínas por kg/peso/dia. Já indivíduos ativos com a ingestão de 1,2g/kg/dia a 1,4g/kg/dia, teriam sua demanda atendida. Atletas e indivíduos visando à hipertrofia muscular teriam suas necessidades atendidas com o consumo máximo de 1,8g/kg/dia. Tais necessidades seriam contempladas por uma alimentação equilibrada (SBME, 2003) (16).

Nesse sentido, objetivou-se com este trabalho avaliar a ingestão protéica e o consumo de suplementos protéicos entre praticantes de musculação do sexo masculino frequentadores de academias de ginástica na cidade de Ribeirão Preto.

CASUÍSTICA E METODOS

A população do estudo foi composta por frequentadores de 3 academias de ginástica de Ribeirão Preto, com o total de 30 indivíduos praticantes de musculação, na faixa de 18 a 35 anos do sexo masculino. Para coleta de dados elaborou-se um questionário, composto por 10 questões, elaborado pelos autores do trabalho, com os seguintes dados: identificação (nome, idade, e-mail), tipo de exercício (período, tempo e duração), dieta (recordatório de 24 horas), suplemento (tipo, quantidade, tempo de utilização), o qual foi aplicado à população selecionada.

Os indivíduos do estudo foram abordados de forma aleatória na área de musculação de cada academia, em diferentes horários do dia e em diferentes dias da semana. Os participantes assinaram um termo de consentimento de utilização dos dados de forma sigilosa com a finalidade de pesquisa científica. Com a finalidade de conhecer a alimentação diária de cada um dos participantes do estudo, foi utilizado o método de recordatório de 24 horas, onde o participante informou o que consumiu no período de 24 horas do dia anterior, avaliando-se a quantidade e a qualidade de todos os alimentos ingeridos.

Os registros dietéticos foram analisados segundo suas quantidades de macronutrientes com maior ênfase na proteína e calorias através do Software Diet Pro 3.0® (Viçosa/MG). Fez-se a inclusão das medidas caseiras relatadas pelos praticantes, obtendo-se a quantidade de caloria total, carboidratos (g), proteínas (g) e lipídeos (g) consumidos em 24 horas. Para o cálculo das necessidades energéticas foi utilizada a fórmula proposta pela FAO/OMS/UNO-1985 (7), considerando o fator de atividade leve. Para avaliação do estado nutricional utilizou-se o Índice de Massa Corporal (IMC), o qual foi obtido através dos dados de peso e estatura. O peso corporal foi determinado utilizando-se uma balança Filizola® de plataforma. Relacionou-se peso e estatura através da formula IMC=P/A², obtendo-se o IMC do praticante. Assim, com o IMC obtido, verificou-se o estado nutricional através da classificação proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 1995) (12). Foram aferidas as Dobras Cutâneas Tricipital (DCT), Bicipital (DCB), Subescapular (DCSE) e Suprailíaca (DCSI), utilizando o adipometro da marca Lange®. Os dados antropométricos foram analisados dando ênfase a massa magra e porcentagem de gordura corporal através do Software Diet Win® (Porto Alegre/RS).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 30 indivíduos avaliados, 22 (74%) praticam exercício físico a mais de um ano. O principal objetivo com a prática esportiva relatado pelo grupo em estudo é a saúde (76%) seguido de estética, social/lazer e competição. Dos avaliados 80% pretende com o exercício proporcionar ganho e definição de músculos. No trabalho apresentado por SANTOS; SANTOS (2002) (15), aproximadamente 80% dos alunos têm como objetivo principal melhorar a saúde, obtendo o mesmo resultado.

Do grupo em estudo 86% relataram que não seguem uma dieta, enquanto 13,3% relataram que seguem. A maior parte dos entrevistados (76,6%) nunca recebeu orientação de um nutricionista.

De acordo com o Índice de massa corporal 86,6% possuíam peso normal e apenas 13,3% apresentaram excesso de peso.

Comparando os valores de energia recomendado com os valores consumidos pelos praticantes de exercício que não consomem suplementos, verificou-se que 46,6% o consumo é inferior às necessidades energéticas, já os praticantes que utilizam suplementos 40% estão dentro do recomendado (Tabela 1). Para KAZAPI & RAMOS (1998) (9), o percentual de adequação de calorias varia entre 90-110%. Os praticantes que não utilizam suplementos a adequação foi de 88,64% e os que utilizam 101%.

Tabela 1: Distribuição do percentil de ingestão de energia de participantes que consomem ou não suplementos em relação ao recomendado.

Classificação de necessidades calóricas – Participantes que não utilizam suplementos % – Participantes que utilizam suplementos %

Abaixo do ideal – 46,6% – 30%

Normal do ideal – 26,6% – 40%

Acima do ideal – 26,6% – 30%

Total – 100% – 100%

Os resultados obtidos por meio de inquéritos indicaram que 33,3% consumiam suplementos nutricionais e 66,6% não utilizam. Nos dados encontrados em estudos sobre suplementos existem poucas diferenças. Em pesquisa feita por ROCHA & PEREIRA (1998) (14), em 16 academias do estado do Rio de Janeiro com 160 participantes, 51 indivíduos (32%) faziam uso de algum suplemento. Em São Paulo, PEREIRA; LAJOLO; HIRSHBRUCH (2003) (13) 23,9% dos 309 entrevistados consumiam suplementos. ARAÚJO; ANDREOLO; SILVA (2002) (3) obtiveram entre praticantes de musculação nas academias de Goiás a prevalência de consumo foi de 34%. Dentre os entrevistados que não fazem uso de suplementos nutricionais (75%), já consumiram algum tipo de suplemento.

Quanto aos suplementos nutricionais utilizados pelos praticantes, os mais mencionados foram os aminoácidos e produtos protéicos (Whey Protein) 53,3%, coerente com o fato de praticarem musculação e consumirem suplementos com o objetivo de aumento de massa muscular. Alguns dos praticantes consumiam mais de um tipo de suplementos. Comparando com o estudo realizado por ARAÚJO & SOARES (1999) (4) em academias do Belém do Pára dos quais