afirmou-se efetivamente enquanto uma área de estudo e embora a linguagem tenha sido o termo mais estudado, houve outros temas que também têm sido alvo de interesse, tais como a atenção, a perceção auditiva e visual e ainda a memória (Pinheiro, 2005).
A neuropsicologia anterior à aparição das técnicas de neuro imagem utilizava a prova, anatomopatológica post mortem, mas tinha um grande inconveniente, pois estes estudos não se realizavam até ao falecimento do paciente, isto podia acontecer semanas, meses ou anos depois, pelo que se podia durante este período ou durante o período imediato á morte, trocas nas lesões originais de quando o estudo comportamental foi levado a cabo (Junqué & Barroso, 2000).
Atualmente, a Neuropsicologia integra as áreas das ciências humanas e as áreas vinculadas à Biologia, proporcionando uma análise melhor de alterações cerebrais e ainda de mudanças ocorridas nos processos psicológicos (Pinheiro, 2005).
A investigação científica efetuada e o surgimento de métodos científicos, tal como as técnicas de observação do cérebro, levaram à conceção de que as áreas cerebrais não funcionam de forma isolada, mas sim interagindo mutuamente, coordenando as ações psicológicas e fisiológicas num único comportamento humano (Pinheiro, 2005).
Gazzaniga, Ivry & Mangum (1998, cit. in Maia, 2007), sustentavam que a avaliação das funções cognitivas teve um grande impacto no estudo das perturbações neurológicas.
Objeto e métodos de estudo
A Neuropsicologia abrange a avaliação dos processos mentais humanos, como a atenção, aprendizagem, perceção e cognição, assim como o estudo da relação entre as funções cerebrais e o comportamento humano (Luria, 1973; Richard, 1995 cit. in Maia et al., 2003). Deste modo, verifica-se que o objeto de estudo da Neuropsicologia baseia-se nas lesões cerebrais.
A investigação neuropsicológica utiliza três métodos fundamentais, cada um dos quais dispõe de diversas técnicas e procedimentos: o método Lesional, o método Instrumental e o método Funcional (Junqué & Barroso, 2001).
Conforme Junqué & Barroso (2001), no primeiro método, ou seja, no método Lesional controlam-se variáveis que controlam diretamente o funcionamento cerebral. Ajustam-se a este método as técnicas de análise de lesões (post mortem e in vivo), e as técnicas de inativação cerebrais transitórios (estimulação elétrica cerebral e anestesia cerebral regional). É o método utilizado através das lesões cerebrais como variável independente que o experimentador deve manipular para estudar o seu efeito sobre determinada função biológica. As técnicas mais empregadas neste método são a Tomografia Computorizada por raio X e a Ressonância Magnética. Com estas técnicas é possível descrever que estruturas estão danificadas e medir o valor relativo ou absoluto do volume do tecido afetado. Além disso, também se pode observar a presença de tumores.
As técnicas post mortem têm o inconveniente de serem apenas examináveis após o falecimento do sujeito, o que pode acontecer meses ou anos após o aparecimento da lesão, deste modo, quando se chegasse a observar essa lesão o cérebro já teria sofrido alterações. Mas também foi por causa desta técnica que pela primeira vez, se soube que a linguagem humana, na maior parte dos sujeitos, estava representada no hemisfério esquerdo (Junqué & Barroso, 2001).
A técnica da inativação cerebral consiste na estimulação elétrica e anestesia cerebral. A estimulação elétrica é utilizada, habitualmente, numa intervenção cirúrgica, esta técnica vai permitir a contração muscular e, como consequência, o movimento do corpo correspondente. A anestesia cerebral conhecida como a técnica de wada, consiste numa injeção de barbetúrio na artéria carótida interna para anestesiar provisoriamente um hemisfério cerebral (Junqué & Barroso, 2001).
Segundo Junqué & Barroso (2001), no método instrumental manipulam-se variáveis que afetam indiretamente o funcionamento cerebral mediante a instrumentação adequada. As técnicas utilizadas neste método são a divisão sensorial, ou seja, campos visuais separados, a audição dicótia e a palpação diháptica. As técnicas de divisão sensorial partem da rutura que existe nas vias sensoriais e manuseiam a informação de acordo com a instrumentação adequada para que chegue ao cérebro de forma distinta. Já a audição dicótica consiste na apresentação de dois estímulos auditivos, um em cada ouvido.
No método Funcional, assinalam-se mudanças da atividade cerebral induzidas mediante o controlo de variáveis comportamentais. Este método consiste num agrupado de técnicas de registo da atividade cerebral e que poderão ser eletromagnéticas e metabólicas. As primeiras podem ser a eletroencefalografia (EEG) e os potenciais evocados. A eletroencefalografia é utilizada para pesquisar padrões de atividade elétrica do cérebro. Aqui pode-se encontrar uma desvantagem, que é o facto de ser unicamente sensível para a ativação elétrica de um grande número de neurónios. Enquanto os potenciais evocados (ERPS) podem ser muito fieis e esta técnica consiste na mudança no padrão da atividade elétrica cerebral em resposta a um estímulo externo que poderá ser registado por meio de elétrodos dispostos sobre o couro cabeludo (Junqué & Barroso, 2001).
Determinadas lesões que são muito específicas produzem-se raramente, o que faz com que o estudo de casos seja de notável interesse em neuropsicologia, embora às vezes a replicação do fenómeno, condição indispensável em todo o estudo científico, não podem levar-se a cabo vários anos depois da primeira observação (Junqué & Barroso, 2000).
As técnicas funcionais metabólicas permitem que tenhamos a imagem do metabolismo cerebral, temos então a tomografia por emissão de positrões (PET), que consiste numa injeção intravenosa que oferece imagens da atividade cerebral em vez da estrutura do cérebro.
De acordo com Junqué & Barroso (2000), é evidente que nem todos os pacientes que anualmente ingressam nos serviços de neurologia e neurocirurgia de um hospital cumpram os requisitos necessários para ser candidatos de uma investigação neuropsicologia concreta e assim por diversos